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OS BENÉFICIOS PROVENIENTES DA AROMATERAPIA NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE – REVISÃO DE LITERATURA
Claudia Stoeglehner Sahd, Manuela Adelaide Berlim, Regina Célia Bueno Rezende Machado

Última alteração: 2021-07-10

Resumo


Introdução: Na antiguidade grega aparecem os primeiros registros sobre a ansiedade, sendo Hipócrates quem reconheceu este estado patológico e iniciou a discussão sobre condutas de tratamento. O fator estressor e a reação da ansiedade no individuo é interpretada como uma resposta do organismo a algum tipo de ameaça que possa comprometer sua integridade, sendo vista como garantia de adaptação e sobrevivência as variações que o meio ambiente impõe aquele indivíduo. A intensidade da ansiedade pode desencadear situações de angústia e aflição,  sentimentos como insegurança, apreensão, alteração do estado de alerta e o medo de que se tornam prejudicial ao funcionamento do corpo e mente. O estresse e a ansiedade são considerados fatores de desenvolvimento de vários problemas de saúde física e ou psicológica relacionada a adaptação da pessoa a diferentes vivencias do seu cotidiano. Portanto, os sintomas e comportamentos relacionados ao estresse e a ansiedade alteram e prejudicam a saúde e qualidade de vida dos indivíduos, e necessitam de tratamento e acompanhamento. A aromaterapia vem dessa forma auxiliar no tratamento do indivíduo acometido pela ansiedade e estresse. A aromaterapia é uma terapia complementar de rápido crescimento em todo o mundo, realizada por meio da aplicação de óleos essenciais, substâncias extraídas das plantas aromáticas. Está terapia vem sendo utilizada há milhares de anos. Hipócrates, o pai da medicina moderna, preconizava o uso da aromaterapia por considerar que massagens com óleos essências e banhos aromáticos auxiliavam o organismo a ter uma boa saúde¹. A aromaterapia surgiu e foi adotada como uma medicina complementar para o tratamento de várias condições médicas, considerada uma terapia confiável que traz inúmeros benefícios para o corpo, mente e espírito, sendo está validada como médica, clínica e holística. A farmacocinética é o estudo de como os óleos essenciais são absorvidos e excretados no organismo. Os óleos voláteis são os principais componentes odoríferos encontrados em várias partes das plantas. Como evaporam quando expostos ao ar, a temperaturas normais, são chamados óleos voláteis, refringentes, etéreos ou essenciais. Nesta última nomenclatura, mais conhecida e aplicada, é utilizada pois os óleos voláteis representam as “essências” ou componentes odoríferos das plantas. O óleo essencial é a forma mais concentrada de princípio ativo vegetal para uso humano, nas plantas eles estão presentes em pequenas concentrações e são extraídos de acordo com os métodos apropriados. Os  óleos essenciais e seus efeitos no organismo trazem e asseguram um sucesso na terapia de patologias, visto que cada óleo desempenha uma ação distinta e sua aplicabilidade estão ligados à sua pureza, proporcionando uma penetração nos tecidos onde serão necessários buscando um resultado satisfatório ao final do tratamento. Os componentes do óleo essencial podem ser absorvidos por duas vias: inalação e tópica. De forma geral, a aromaterapia pode ser empregada com técnica e métodos distintos para o tratamento de patologias, como a difusão aérea ou pulverização, massagem, banhos de imersão, fricção, compressas, escalda-pés e inalação. O profissional habilitado e com conhecimento na área define qual será o método ou técnica de utilização mais adequado, observando as características do paciente e a patologia apresentada. Os óleos essenciais são ideais para a inalação, devido as suas propriedades voláteis e baixo peso molecular, sendo está técnica ou método o mais utilizado.  Mas, também pode-se observar a aplicação dos óleos essenciais sendo realizada de forma tópica.  A administração cutânea dos fármacos visa propiciar um efeito tópico de profundidade intermediaria. O baixo peso molecular e sua alta lipossolubilidade fazem com que ocorra um efeito sistêmico, de forma que pode se solubilizar no filme hidrolipídico cutâneo. Com base no conhecimento sobre aromaterapia, pode-se compreender o poder das plantas e de seus óleos essenciais que possuem a capacidade de buscar a prevenção, o tratamento e o equilíbrio do corpo, da mente e das emoções. Objetivos: Identificar os benefícios da aromaterapia na redução da ansiedade e do estresse. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura por meio de pesquisa bibliográfica, retrospectiva, de natureza descritiva, com abordagem qualitativa. A bibliografia do estudo foi constituída por artigos sobre as técnicas da aromaterapia na diminuição da ansiedade, publicados nas bases de dados PubMed (U.S. National Library of Medicine), Scielo e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). Os termos descritos a seguir foram selecionados nos campos título, resumo ou tópico, para a localização das publicações, associados aos operadores lógicos “AND”, para relacionar termos, e “OR”, para somar termos. Os termos aromaterapia “AND” saúde, aromaterapia “AND” ansiedade. As pesquisas das bases de dados foram limitadas a artigos em língua inglesa, publicados de 2015 até 2020. Desenvolvimento: Os efeitos terapêuticos dos Óleos essenciais, ainda são estudados por meio de estudos clínicos científicos,   mas diferentes estudos demonstram  que possam produzir estímulos capaz de liberar neurotransmissores, como encefalinas e endorfinas; podem causar estimulação dos nervos olfativos que, possuem ligação direta com o Sistema Límbico, assegurando que o uso de técnicas não farmacológicas pode possibilitar um cuidado holístico em saúde, alicerçado na cientificidade10.Os benefícios da aromaterapia na redução dos níveis de estresse e ansiedade  podem ser explicados pelo relaxamento resultante da diminuição da atividade do sistema nervoso simpático concomitantemente à estimulação do parassimpático. Muitos são os óleos essenciais que se mostram eficazes em agir no organismo e produzir efeitos benéficos ao indivíduo, dentre eles temos o gerânio (Pelargonium graveolens) e a lavanda (Lavandula angustifolia), estes por possuírem uma elevada concentração de éster, suscitam em uma ação calmante e tranquilizante. O óleo essencial de gerânio, é empregado no tratamento de agitação, raiva, medo, ansiedade, fadiga mental e nervosa, mudança de humor decorrente de alteração hormonal e desequilíbrio nervoso. O óleo essencial de lavanda detém efeitos sutis e expressivos devido a sua atividade ansiolítica, em razão das concentrações de acetato de linalila e do composto linalol. Desse modo, quanto maior a concentração dos compostos mencionado, mais elevada será sua efetividade no organismo desencadeando maior ação analgésica, ansiolítica, antidepressiva e anti-inflamatória. Ademais, o óleo essencial de lavanda possui poucos efeitos colaterais, positivando seu uso terapêutico no tratamento de patologias e diminuindo expressivamente o custo com medicamentos e outros tratamentos. Outro recurso empregado para uso em associação com a aromaterapia  é  a massagem, que  almeja alcançar o indivíduo como um todo no período da sua execução, auxiliando na penetração dos óleos essenciais no corpo, para então obter um melhor e maior efeito terapêutico. Buscando não tratar apenas a patologia em questão, mas melhorar o quadro geral de saúde do indivíduo. A massagem possibilita um relaxamento, promovendo um aumento da circulação sanguínea e linfática, ao mesmo tempo que proporciona bem-estar físico, mental e emocional, possibilitando assim que o indivíduo esteja suscetível a cura. Por isso, a combinação da massagem com o uso dos óleos essenciais pode atuar fisiologicamente proporcionando um aumento da energia ao ponto de minimizar sintomas relacionados a ansiedade e o estresse, atuando no alívio de dores, melhorando a sensibilidade cutânea, e ainda devolver o equilíbrio da mente propiciando a liberação de emoções como ódio, medo, tristeza, ciúme e frustação. As emoções positivas como alegria e amor, trazem sensação de equilíbrio e bem-estar, que são proporcionadas ao organismo através da aromaterapia e da massagem, desencadeando no indivíduo um novo estado emocional e trazendo a liberação de sensações que o prendiam a emoções e sentimentos de indesejáveis que prejudicam e culminam em patologias emocionais. Logo, é certo que a ferramenta terapêutica conhecida por aromaterapia concebe grande potencial de tratamento nas mãos do profissional da saúde, auxiliando na qualificação dos cuidados e no regaste ao ser humano, atuando frente ao empoderamento e autonomia do paciente com relação a sua saúde. A aromaterapia exerce poderoso efeito na fisiologia e química do organismo humano, podendo exercer efeito nas emoções, sentimentos e saúde, principalmente quando falamos das alterações emocionais como a ansiedade e o estresse6. Com isso pode ser observado a grande importância que os óleos essenciais desempenham e o motivo para tantos estudos que hoje são realizados a seu respeito, já que cada óleo exerce um efeito distinto e preciso sobre o organismo. Ademais, a aromaterapia utilizada como terapia integrativa pode ser utilizada de forma isolada ou complementar a outros tratamentos. Considerações: Apesar de muitos estudos ainda buscam elucidar totalmente o mecanismo envolvido na ação da aromaterapia sobre a redução da ansiedade e do estresse, são notórios a evolução e os resultados efetivos que se apresenta com o tratamento. Portanto, o aprofundamento sobre a aromaterapia, vislumbrando aumentar o conhecimento a respeito dos óleos essenciais, suas ações e possíveis reações no organismo é de extrema importância para sua aplicação nos tratamentos de diferentes sintomas e patologias. Ressaltamos, ainda a necessidade de estudo e conhecimento dos profissionais na utilização correta e efetiva da aromaterapia na assistência de seus pacientes, buscando a visão holística e integral do indivíduo, e como esta abordagem pode ser utilizada tanto para o restabelecimento da saúde como na prevenção de doenças. Apontamos  como limitação deste estudo a necessidade de mais pesquisas clínicas voltados para a aromaterapia aplicada a ansiedade, bem como da concentração padronizada dos óleos essenciais e a suas formas de aplicação para seu  tratamento. Observamos   que é necessário um aprofundamento maior das pesquisas para que possa conquistar um lugar de destaque nos meios científicos como recurso terapêutico.

Referências:

1. AMARAL, Dabiani Carolini; SILVA, Ellen Maira. Os efeitos da massagem relaxante associada a aromaterapia no tratamento da depressão THE EFFECTS ASSOCIATED WITH MASSAGE RELAXING AROMATHERAPY IN THE TREATMENT OF DEPRESSION. Revista Científica do Unisalesiano, Lins-SP, v. 6, n. 13, 2015.

2. BORGES, Ingred Naurah Almeida Sena et al. Efeito da Massagem de Aromaterapia com Óleo Essencial de Lavanda: Revisão Integrativa/Effect of Aromatherapy Massage with Lavender Essential Oil: Integrative Review. ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 14, n. 51, p. 121-131, 2020.

3. DA SILVA DOMINGO, Thiago; BRAGA, Eliana Mara. Aromaterapia e ansiedade: revisão integrativa da literatura. Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares, v. 2, n. 2, p. 73-81, 2013.

4. DE MELO FILHO, Geraldo Leite. Estudo sobre a eficácia da aromaterapia no tratamento da ansiedade e/ou hipertensão arterial: uma revisão integrativa de literatura/Study on the effectiveness of aromatherapy in treating anxiety and/or arterial hypertension: an integrative literature review. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 3, p. 4040-4061, 2020.

5. FARRAR, A.J.; FARRAR, F.C. Clinical Aromatherapy. Nurs Clin North Am. v. 55, n. 4, p. 489-504, 2020.

6. GNATTA, J.R.; KUREBAYASHI, L.F.; TURRINI, R.N.; SILVA, M.J. Aromatherapy and nursing: historical and theoretical conception. Rev Esc Enferm USP. v. 50, n. 1, p. 130-136, 2016.

7. HINES. S; STEELS, E.; CHANG, A.; GIBBONS, K. Aromatherapy for treatment of postoperative nausea and vomiting. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Mar 10;3(3):CD007598.

8. HWANG, E.; SHIN, S. The effects of aromatherapy on sleep improvement: a systematic literature review and meta-analysis. J Altern Complement Med. v. 21, n. 2, p. 61-68, 2015.

9. OLIVEIRA, Carlos Jorge Rocha; DO AMARAL, Fernando. Estresse| ansiedade| aromaterapia: Pelo olhar da Osmologia, ciência do olfato e do odor. Brazilian Journal of Natural Sciences, v. 2, n. 2, p. ágina 92-ágina 92, 2019.

10. PESSOA, Débora Luana Ribeiro et al. O uso da aromaterapia na prática clínica e interprofissional. Research, Society and Development, v. 10, n. 3, 2021.

11. REIS, D.; JONES, T. Aromatherapy: Using Essential Oils as a Supportive Therapy. Clin J Oncol Nurs. v. 21, n. 1, p. 16-19.

12. SACCO, Patrine Roman; FERREIRA, Graziele Cristina Garcia Bernardino; SILVA, Ana Cláudia Calazans da. Aromaterapia no auxílio do combate ao estresse: bem-estar e qualidade de vida. Revista científica da FHO| UNIARARAS, v. 3, n. 1, 2015.

 


Palavras-chave


Aromaterapia; Terapia Complementar; Óleos Voláteis.