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IMPACTOS DO ISOLAMENTO SOCIAL PROVOCADO PELA PANDEMIA DE COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DE GOIÂNIA
Patrícia Vaz França, Gabriel Bastos Costa, Adria Assunção Santos de Paula, Geovanna Karla da Silva Santos, Lorena Pereira de Souza Rosa, Hellen da Silva Cintra de Paula

Última alteração: 2021-07-10

Resumo


Introdução: A pandemia de COVID-19 inaugurou mundialmente uma nova realidade, desnudando inseguranças individuais e criando tensões coletivas. Com a necessidade de conter a propagação do vírus, o isolamento social foi uma das medidas mais recomendadas, já que a contaminação se dá pelo contato com indivíduos infectados. O impacto do isolamento social vivido na pandemia vai além da suspensão de aulas presenciais, a medida que interfere na rotina de jovens e adolescentes e pode tornar-se um fator desencadeante de sofrimento psíquico e transtornos mentais nesses indivíduos. A adolescência é um período da vida onde é comum a vivência de conflitos advindos das mudanças físicas, psicológicas e nas relações interpessoais. Objetivo: O presente trabalho objetivou investigar a incidência de tristeza, falta de energia e concentração, ideação suicida e comportamentos de autoextermínio associados a pandemia de COVID-19, em adolescentes que cursam o ensino médio técnico integrado em período integral. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo observacional com a aplicação de questionário virtual a adolescentes de uma instituição de ensino da cidade de Goiânia, após assentimento dos estudantes e consentimento dos pais ou responsáveis para menores de 18 anos. O questionário, aplicado em abril e maio de 2021, abordou questões relativas a dados sociodemográficos, sintomas de depressão e autoextermínio. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa pelo parecer 4.596.409. Discussão e Resultados: Participaram do estudo 158 adolescentes. A média de idade dos estudantes incluídos foi de 16,5 anos (± 1,96). Dos participantes da pesquisa, 80,4% eram do gênero feminino, 18,3% masculino e 1,3% preferiram não identificar o gênero. Durante o isolamento social, a maior parte dos estudantes, 51,9% disseram frequentemente sentir tristeza, 48,1% alegaram falta de energia e 16,5% reportaram ter dificuldade de concentração nas suas tarefas. Além disso, 24,0% dos estudantes responderam que pensam em se machucar intencionalmente. A ideação suicida foi identificada em 24,7% dos estudantes, que alegaram pensamentos de autoextermínio. Por fim, 28,5% dos estudantes relataram que “viver tem sido difícil”. Dos indivíduos que apresentaram os sintomas descritos acima, mais de 66% alegaram que a pandemia afetou financeiramente sua família. Os resultados deste estudo mostraram uma alta frequência de sintomas de depressão, ansiedade e auto extermínio entre adolescentes. Este fato pode estar associado a perda de entes queridos, conflitos na convivência familiar e diminuição de renda, provocados pela pandemia de COVID-19 em muitas famílias. Considerações: Este estudo é de grande relevância, pois demonstra que as condições sociais e econômicas impostas pela pandemia podem impactar diretamente a saúde mental de adolescentes. Foi constatada ideação suicida em quase 25% dos estudantes. Essa condição tem se tornado cada vez mais comum nessa fase da vida e não deve ser desprezada. Portanto, a saúde mental na adolescência deve ser prioridade de políticas públicas de curto e longo prazo, levando em consideração o impacto provocado pela pandemia de COVID-19, a fim de garantir um dos direitos fundamentais do adolescente, a saúde integral.