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O COMER CONSCIENTE COMO ESTRATÉGIA DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DISFUNCIONAIS
Debora Caldas Marques, Vitoria Regina Neres Ferreira, Nicoly Pinheiro Franco, Millena da Silva Santos, Maria Eduarda da Silva Neres, Daniela Fernandes Torralbo

Última alteração: 2021-07-01

Resumo


Introdução: Na contemporaneidade, o excesso de peso, a obesidade e transtornos alimentares continuam apresentando alta morbimortalidade em todo o globo,  mesmo com seus fatores etiopatogênicos sendo conhecidos e preveníveis. Neste contexto, cada vez mais tem se questionado sobre os métodos de intervenção no problema, visto que as estratégias dietéticas atuais têm se apresentado insuficientes no combate a estas desordens. Tais aspectos têm impulsionado a investigação de alternativas como os métodos mindfulness, mindful eating e comer intuitivo sobre a evolução das disfunções do comportamento alimentar. Objetivos: Realizar um levantamento bibliográfico sobre as estratégias de mindful eating nos transtornos alimentares e obesidade. Metodologia: Por meio de uma busca bibliográfica na base de dados Google Scholar, foram selecionados dez artigos buscados com as palavras chaves mindful eating, entre 2011 e 2020. Após proceder a leitura dos mesmos, três foram selecionados para compor esta revisão com base em sua abordagem da temática. Desenvolvimento: Os estudos iniciais sobre comportamento alimentar e o uso de mindfulness no tratamento da obesidade datam da década de 90. A técnica de mindful eating, que em português traduz-se como “comer com atenção plena”, pode ser definida como atenção sem julgamento ou crítica às sensações físicas e emocionais despertadas durante o ato de comer ou em contexto relacionado à comida. É estar presente, com atenção plena no momento da alimentação, com foco nas cores, sabores, texturas dos alimentos e não nas respostas emocionais após o comer. O “comer intuitivo”, termo complementar ao mindful eating, propõe que o indivíduo mantenha uma sintonia com a comida, a mente e o corpo, desencorajando a prática de dietas. Tem como base os seguintes pilares: permissão incondicional para comer; comer para atender necessidades fisiológicas e não emocionais, e apoiar-se nos sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer.  A literatura aponta que poucos estudos de intervenção encontraram resultados significativos na perda de peso corporal em indivíduos obesos e não obesos submetidos a diferentes protocolos de mindful eating, associados ou não a outras ações alternativas1,2, porém o tratamento parece ser efetivo na prevenção do aumento ponderal. O consumo alimentar parece ser modificado de forma positiva, especialmente entre indivíduos com excesso de peso, reduzindo o tamanho das porções consumidas e reduzindo escolhas alimentares impulsivas. Sob a ótica dos transtornos alimentares, que tem como origem comum comportamentos alimentares disfuncionais, o uso do mindful eating no tratamento da anorexia nervosa parece resultar num aumento da ingestão calórica e do Índice de Massa Corporal (IMC), com redução de comportamento de restrição alimentar3.. Considerações: A promoção de intervenções baseadas numa melhor relação com a alimentação podem resultar em uma nova consciência alimentar com melhorias nos hábitos dos indivíduos e da sociedade em geral, gerando, em longo prazo, impactos positivos na saúde pública mundial. As práticas de mindful eating e  do comer intuitivo parecem ser eficazes como tratamento adicional, não só no combate à obesidade, excesso de peso e transtornos alimentares, mas também como forma de estabelecer uma boa relação com a alimentação para indivíduos não obesos.


Palavras-chave


Transtorno alimentar; obesidade, mindfulness