Última alteração: 2021-07-01
Resumo
Introdução: Na contemporaneidade, o excesso de peso, a obesidade e transtornos alimentares continuam apresentando alta morbimortalidade em todo o globo, mesmo com seus fatores etiopatogênicos sendo conhecidos e preveníveis. Neste contexto, cada vez mais tem se questionado sobre os métodos de intervenção no problema, visto que as estratégias dietéticas atuais têm se apresentado insuficientes no combate a estas desordens. Tais aspectos têm impulsionado a investigação de alternativas como os métodos mindfulness, mindful eating e comer intuitivo sobre a evolução das disfunções do comportamento alimentar. Objetivos: Realizar um levantamento bibliográfico sobre as estratégias de mindful eating nos transtornos alimentares e obesidade. Metodologia: Por meio de uma busca bibliográfica na base de dados Google Scholar, foram selecionados dez artigos buscados com as palavras chaves mindful eating, entre 2011 e 2020. Após proceder a leitura dos mesmos, três foram selecionados para compor esta revisão com base em sua abordagem da temática. Desenvolvimento: Os estudos iniciais sobre comportamento alimentar e o uso de mindfulness no tratamento da obesidade datam da década de 90. A técnica de mindful eating, que em português traduz-se como “comer com atenção plena”, pode ser definida como atenção sem julgamento ou crítica às sensações físicas e emocionais despertadas durante o ato de comer ou em contexto relacionado à comida. É estar presente, com atenção plena no momento da alimentação, com foco nas cores, sabores, texturas dos alimentos e não nas respostas emocionais após o comer. O “comer intuitivo”, termo complementar ao mindful eating, propõe que o indivíduo mantenha uma sintonia com a comida, a mente e o corpo, desencorajando a prática de dietas. Tem como base os seguintes pilares: permissão incondicional para comer; comer para atender necessidades fisiológicas e não emocionais, e apoiar-se nos sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer. A literatura aponta que poucos estudos de intervenção encontraram resultados significativos na perda de peso corporal em indivíduos obesos e não obesos submetidos a diferentes protocolos de mindful eating, associados ou não a outras ações alternativas1,2, porém o tratamento parece ser efetivo na prevenção do aumento ponderal. O consumo alimentar parece ser modificado de forma positiva, especialmente entre indivíduos com excesso de peso, reduzindo o tamanho das porções consumidas e reduzindo escolhas alimentares impulsivas. Sob a ótica dos transtornos alimentares, que tem como origem comum comportamentos alimentares disfuncionais, o uso do mindful eating no tratamento da anorexia nervosa parece resultar num aumento da ingestão calórica e do Índice de Massa Corporal (IMC), com redução de comportamento de restrição alimentar3.. Considerações: A promoção de intervenções baseadas numa melhor relação com a alimentação podem resultar em uma nova consciência alimentar com melhorias nos hábitos dos indivíduos e da sociedade em geral, gerando, em longo prazo, impactos positivos na saúde pública mundial. As práticas de mindful eating e do comer intuitivo parecem ser eficazes como tratamento adicional, não só no combate à obesidade, excesso de peso e transtornos alimentares, mas também como forma de estabelecer uma boa relação com a alimentação para indivíduos não obesos.