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ISOLAMENTO SOCIAL E ALTERAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR E PESO CORPORAL DE ADOLESCENTES ESTUDANTES DE INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO
Debora Caldas Marques, Rafaella Rodrigues de Freitas Vieira, Alice Eduarda de Souza Padilha, Lorena Pereira de Souza Rosa, Lyriane Apolinário Araújo

Última alteração: 2021-07-08

Resumo


Introdução: O isolamento social é proposto como conduta para conter o avanço da pandemia de COVID-19. As implicações dessa súbita mudança de rotina são amplas e repercutem nos diversos âmbitos de interação social, saúde física e mental, entre todas as faixas etárias. Com a mobilidade restrita ao lar, a interrupção de aulas presenciais e atividades grupais, é possível que haja mudanças no comportamento alimentar, bem como no peso corporal de adolescentes1. Objetivos: Avaliar alterações no peso corporal, no hábito alimentar, quanto ao local de preparo e consumo de refeições delivery durante o isolamento social. Metodologia: O estudo do tipo observacional foi realizado nos meses de abril e maio de 2021, com estudantes adolescentes do ensino médio integrado ao técnico de uma instituição pública federal, por meio de um questionário virtual auto preenchível. Foram solicitados o consentimento e assentimento dos responsáveis no caso dos menores de 18 anos. A pesquisa foi aprovada por parecer ético sob número 4.596.409. Resultados e Discussão: Obteve-se a participação de 158 adolescentes, sendo 80,4% do gênero feminino. A média de idade foi de 16,5 anos (± 1,96). A maioria (71,5%) da amostra refere que a pandemia de COVID-19 afetou negativamente a vida financeira de sua família; 53,8% apontam que algum membro da família recebeu o auxílio emergencial do governo federal. A respeito do peso corporal, observou-se que apenas 21,5% da amostra o manteve durante o período pandêmico, sendo que 57,6% alegam ter aumentado o peso. Estes achados estão aumentados se comparados a adolescentes do ensino público municipal de Curitiba-PR, onde 29,3% da amostra refere ganho ponderal2. Acerca dos hábitos alimentares, 18,3% dos estudantes refere manutenção dos mesmos durante o período de isolamento social, 58,2% alegam que houve piora e 25,9% referem melhora no padrão habitual de consumo de alimentos. A literatura confirma este achado, com piora do hábito alimentar entre adolescentes da América Latina e Europa, com aumento do consumo habitual de alimentos ultraprocessados durante a pandemia3. Sobre a forma de preparo e local de realização das refeições, observou-se que 51,8% dos sujeitos alegam que não houve mudança neste aspecto e 43,0% referem que houve aumento do preparo e consumo de refeições no ambiente doméstico. Em contrapartida, 38,0% referiram aumento do consumo de refeições delivery, que são opções rotineiramente muito calóricas e de baixa densidade nutricional, portanto, o ambiente dos aplicativos de entrega de comida pode contribuir para o consumo de alimentos não saudáveis e aumento de peso. Considerações: O isolamento social parece contribuir para piora do hábito alimentar e aumento de peso corporal entre adolescentes, podendo estar associadas a alterações na rotina, na renda familiar e a aspectos emocionais. Torna-se imprescindível o desenvolvimento de estratégias de garantia da segurança alimentar e nutricional nos territórios e a difusão das práticas integrativas de cuidado com a saúde física e mental entre a população jovem no cenário pandêmico.


Palavras-chave


Adolescentes; COVID-19; isolamento social; consumo de alimentos