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A INFLUÊNCIA ESPIRITUAL NA EXPRESSÃO DE BIOMARCADORES
Júlia Campos Fabri

Última alteração: 2021-07-08

Resumo


Introdução: Conhecer a expressão de biomarcadores no processo saúde-doença pode ajudar a compreender as bases biológicas de evidências crescentes que sugerem um efeito benéfico da espiritualidade / religião nas funções psicológicas e físicas¹,². Objetivos: Avaliar a relação entre a saúde biopsicossocial e seu componente espiritual com a expressão de marcadores biológicos. Metodologia: Busca ativa nas bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores: “biomarcadores”, “marcadores imunológicos”, “marcadores sorológicos”, “marcadores bioquímicos”, “marcadores laboratoriais” e “espiritualidade”, sendo encontrados 48 artigos. Foram excluídos relatos de caso, cartas e publicações sem caso-controle. Foram, então, selecionados artigos publicados entre 2013 e 2021, resultando em 14 artigos para análise, dos quais 3, que abordaram os objetivos específicos deste trabalho, foram selecionados para integrarem a revisão. Desenvolvimento: Os estados psicológicos negativos influenciam diretamente os processos neuroendócrinos, levando a disfunção imunológica e aumentando a suscetibilidade à doença (por exemplo, infecção viral, doença cardiovascular e diabetes tipo II). Do mesmo modo, condições psicológicas e sociais positivas podem se opor ao transcriptoma associado a alterações adversas no sangue periférico e podem regular a expressão de genes que ajustam positivamente a atividade de células inflamatórias. Notavelmente, os estudos relatam uma conexão positiva entre espiritualidade / religiosidade e saúde. Foi observada regulação positiva dos genes responsivos ao IFN anti-viral tipo I e metabólitos distintos no plasma de relacionados às práticas espirituais / religiosas para budistas. Os estudos indicam que a resposta imune pode ser aprimorada em pacientes com sentido de vida ampliado, sendo encontradas concentrações melhores de Linfócitos T auxiliares e T-citotóxicos em indivíduos com níveis de espiritualidade elevados1. Além disso, a importância subjetiva dada à espiritualidade pode atuar como mecanismo protetor ao desenvolvimento de distúrbios depressivos maiores, podendo ser encontrado como biomarcador o Fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e a rede de modo padrão (DMN). O BDNF é um marcador de neuroplasticidade e aumenta no processo de melhora da depressão e o DMN apresenta-se em concentrações maiores quando o indivíduo realiza reflexões internas com processos mentais e pensamentos autorreferenciais. Ambos são aumentados na presença de níveis maiores de espiritualidade nos pacientes³. Considerações: São escassos os estudos sobre o tema em questão. Porém, há evidências científicas demonstrando que a regulação de determinados biomarcadores associados à práticas espirituais podem influenciar diretamente os processos neuroendócrinos interferindo na suscetibilidade à doença e moldando fenótipos comportamentais. Investigar, criteriosamente, estes aspectos em estudos futuros e inclui-los na rotina de avaliação do doente pode influenciar no desfecho clínico. O efetivo ato de compreender o impacto de sua espiritualidade/ religiosidade propõem um cuidado centrado na individualidade e complexidade de “ser humano”. Referências: (1) OHNISHI, Junji et al. Distinct transcriptional and metabolic profiles associated with empathy in Buddhist priests: a pilot study. Human genomics, v. 11, n. 1, p. 1-16, 2017.Parte inferior do formulário(2) HERREN, Olga M. et al. Influence of spirituality on depression-induced inflammation and executive functioning in a community sample of african americans. Ethnicity & disease, v. 29, n. 2, p. 267, 2019.  (3) PANIER, Lidia YX et al. Predicting Depression Symptoms in Families at Risk for Depression: Interrelations of Posterior EEG Alpha and Religion/Spirituality. Journal of Affective Disorders, v. 274, p. 969-976, 2020.


Palavras-chave


Biomarcadores; Espiritualidade.