Portal de Conferências da UnB, Mostra Científica do Congresso Brasileiro de Saúde Integrativa e Espiritualidade

Tamanho da fonte: 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PANDEMIA: O USO DE REDES SOCIAIS PARA DIFUNDIR CONHECIMENTO SOBRE A SAÚDE MATERNA-INFANTIL
Beatriz Pereira Vilela, Verônica Clemente Ferreira, Aridiane Alves Ribeiro

Última alteração: 2021-07-09

Resumo


Introdução: O Estado Brasileiro executou diversos programas para apoiar e fortalecer a saúde das mães e das crianças.  Pode-se citar entre eles a Rede Cegonha e a Estratégia de Saúde da Família (ESF). Estes programas fornecem para as famílias um Agente Comunitário de Saúde, responsável por dar o suporte para essas mulheres em gestação e às crianças até os dois anos de idade (EU QUERO, 2020). No entanto, ainda são necessários estudos para averiguar a qualidade desses serviços oferecidos à comunidade, assim como o acesso a eles durante o período de 1000 dias. Por esse motivo foi criado o projeto EU QUERO, com a proposta de coletar, analisar e fornecer dados importantes sobre o acesso das gestantes, mães e crianças aos direitos preconizados nos referidos programas por meio de métodos de pesquisa qualitativos e quantitativos. Pretende- se, assim, verificar quais os aspectos mais importantes para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos na saúde para essas mulheres. Os 1000 dias se referem ao período desde a concepção até os dois anos de vida da criança. Tendo isso em vista, o projeto visa desenvolver, implementar e avaliar a viabilidade de uma intervenção educativa de responsabilidade social, dirigida aos profissionais da Atenção Básica e usuárias, a fim de que seja possível averiguar a qualidade dos serviços prestados nas quatro fases dos 1000 dias (pré-natal, nascimento, pós-parto/recém-nascido e cuidados infantis até dois anos) e engajar usuárias na defesa de seus direitos. Objetivos: O projeto EU QUERO tem por objetivo aumentar a qualidade e o acesso aos serviços de saúde materno, neonatal e infantil disponibilizados nos primeiros 1000 dias de vida em dois estados do Brasil, o Maranhão e o Goiás, por meio do engajamento da comunidade. Em Goiás, foram selecionados dois municípios (um de médio porte, nos arredores da capital, e outro com 100 mil habitantes, localizado no interior do Estado) para implantar um programa de formação educativa e estímulo ao controle social. Essa Intervenção Educativa visa agentes comunitárias de saúde (ACSs) de conhecimentos sobre os direitos em saúde no período dos mil dias de vida, para que elas possam orientar as mães da melhor forma possível durante todo esse período e estimular seu engajamento. As ACSs são agentes multiplicadoras importantes, pois possuem esse papel de controle, acompanhamento e orientação nas áreas da comunidade pelas quais são responsáveis por visitar os domicílios. Metodologia: Inicialmente seriam realizadas coletas de dados por meio de observação das atividades da Intervenção Educativa in loco, registradas em um diário de campo. Seria realizada uma caracterização demográfica dos participantes na formação de direitos, assim como seria monitorada a formação de grupos de gestantes e mães das comunidades nas áreas vinculadas às UBS selecionadas em um dos municípios. Por fim, seria acompanhada a participação desses grupos nas reuniões do Conselho Municipal de Saúde e/ou Conselho local. Mas, devido a pandemia da COVID-19, a interação com profissionais da rede Municipal de Saúde e com as usuárias do SUS no município foi prejudicada pela impossibilidade de realizar as reuniões de formação previstas no projeto. Por isso, o foco das atividades foi redimensionado, para ser executado de maneira não presencial. Dessa forma, passou-se a produzir conteúdo online na plataforma da rede social Instagram, a fim de divulgar para a comunidade, a cada mês, conteúdo sobre um assunto relacionado aos 1000 dias de vida. Para a produção de conteúdo, as alunas integrantes do projeto foram divididas em grupos e, cada grupo ficou responsável por elaborar postagens de forma simples e didática para o Instagram. Para a elaboração das postagens utilizou-se a plataforma Canva de modo compartilhado, a fim de que toda a equipe do projeto pudesse acompanhar a elaboração da arte e dos textos que seriam postados semanalmente. As referências bibliográficas usadas para a elaboração das postagens foram a cartilha elaborada pela equipe do projeto EU QUERO, voltada para orientar os/as profissionais de saúde sobre os direitos da mulher e das crianças durante todo o período dos 1000 dias de vida. Além dela, foram usados cartilhas, cadernos e manuais do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A intenção com as postagens no perfil do projeto EU QUERO (@projetoeuquerogo) é de promover uma educação em saúde acerca dos direitos das mulheres e crianças no período dos 1000 dias de vida, difundindo, desta maneira, conhecimentos capazes de engajar profissionais da saúde e o público de forma geral. A equipe do projeto priorizou, para os grupos do qual fizemos parte, os seguintes temas: amamentação, cuidados durante o trabalho de parto (Boas e más práticas), planejamento familiar e métodos contraceptivos, vacinação/calendário de vacinação, direito da mulher com HIV. Para o tema da amamentação foi adotada uma abordagem para chamar a atenção do(a) leitor(a), mostrando o porquê de falar sobre esse tema destacando a importância de uma visita domiciliar do ACS, visto que esse é o principal público-alvo. Foram abordados, nas publicações, os pontos gerais que abrangem a amamentação e o texto foi desenvolvido traçando orientações, tomando como base as principais reclamações e demandas das mães, elencadas  na cartilha do projeto EU QUERO, tais como fazer a pega correta, possíveis posições para amamentar e os benefícios para mãe e bebê.), em cuidados durante o trabalho de parto (começamos com a definição do pré-natal e a importância de se obter as informações necessárias para um bom parto e nascimento do bebê, abordando também as boas e más práticas obstétricas  durante o parto.). A respeito do tema planejamento familiar e métodos contraceptivos, abordamos um conjunto de informações sobre como é o planejamento familiar e explicamos que este é um direito garantido pela constituição a todo cidadão, e incluímos informações sobre as características dos principais métodos contraceptivos. No tocante ao tema vacinação/calendário de vacinação, discorremos sobre o calendário vacinal de crianças até 2 anos de idade, e utilizamos  imagens das tabelas indicando qual vacina, número da dose e mês em que a criança  deve  ser vacinada: BCG-ID (dose única ao nascer);  hepatite B (primeira dose ao nascer e segunda no primeiro mês);  aos dois meses vacina oral primeira dose contra pólio/vacina oral de rotavírus humano/ tetravalente (DTP + Hib), aos quatros meses segunda dose contra pólio/vacina oral de rotavírus humano/ tetravalente (DTP + Hib), aos seis meses terceira dose da vacina oral contra pólio/tetravalente (DTP+Hib)/hepatite B, aos nove meses dose inicial contra febre amarela, aos doze meses primeira dose da tríplice viral (SRC), aos quinze meses reforço da vacina oral contra pólio e primeiro reforço da DTP (tríplice bacteriana). Sobre o tema dos direitos da mulher com HIV, falamos a respeito do direito que a mulher com o HIV (HIV - 1/ HTLV) possui e destacamos os serviços disponíveis e oferecidos a ela pelo SUS. Além da produção de conteúdo para as redes sociais, foram realizados encontros a cada 15 dias, para discutir sobre temas relevantes para o bom desempenho de um projeto de pesquisa, assim como pequenas capacitações ofertadas pelas orientadoras do projeto, a fim de que fôssemos capazes de utilizar as plataformas escolhidas pela equipe do projeto para a elaboração das postagens (Canva) e para a recepção de devolutivas do trabalho realizado (Airtable).  Aprendermos sobre o uso de Storytelling (que é caracterizado pela capacidade de construir uma história com um enredo envolvente usando recursos visuais, auditivos e/ou linguísticos),  sobre o uso do gerenciador de referências Mendeley (para organizar as referências usadas ao longo da iniciação científica) sobre a utilização de ferramentas para identificar plágio e recebemos  instruções de como realizar a pesquisa bibliográfica  a partir de  descritores no DeCs e como buscar artigos nas bases de dados de forma correta. E, principalmente, aprendemos sobre os direitos à saúde envolvidos nos mil dias de vida. Junto das capacitações discutimos como seriam feitas as distribuições dos temas que tinham sido escolhidos e optou-se por separamos por blocos, sendo cada bloco composto por temas que possuíam afinidade e/ou relação entre si. Com a divisão dos blocos, foi decidido pela frequência semanal das postagens, em forma de carrossel (opção do Instagram em que são postadas imagens seguidas uma da outra em um único post). Resultados: O resultado de nosso trabalho voltado para a comunidade e profissionais de saúde de Jataí e Aparecida de Goiânia, até o momento, consistiu na criação e produção de um acervo virtual com material informativo, tendo como características ser sucinto, de fácil entendimento e leitura, utilizando uma apresentação gráfica que chama a atenção dos leitores, e que poderá ser utilizado, posteriormente, nas intervenções presenciais. Considerações: Como mencionado anteriormente, devido à pandemia, o objetivo do trabalho passou a ser a divulgação de informações para a comunidade e para os profissionais de saúde por meio das mídias e redes sociais, principalmente Instagram. O objetivo inicial de desenvolver uma formação educativa sobre direitos à saúde no período dos mil dias de vida, com profissionais de saúde da APS, foi redimensionado e as ações, adaptadas para um formato adequado às redes sociais, traduzindo o conteúdo acadêmico para uma linguagem mais acessível ao público do Instagram. Para isso, foi necessário para os discentes da equipe do Projeto EU QUERO, além da pesquisa sobre o conteúdo relacionado aos 1000 dias, o aprendizado de noções básicas de design gráfico e comunicação para redes sociais. Dessa maneira, foi possível, por meio das publicações no Instagram, divulgar mais conhecimentos sobre os direitos à saúde no período dos mil dias de vida para o público geral e para os profissionais da APS, de forma lúdica, clara e dinâmica.

Referências

BRASIL. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Disponível em: ttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011. html;

BRASIL. Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm;

BRASIL. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2011/prt2488_21_10_2011.html.;

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança - menina. 12. ed. Brasília: MS, 2018. Disponível

 


Palavras-chave


Educação em Saúde; Atenção Básica à Saúde; Assistência Materno-Infantil; Agentes Comunitários de Saúde.