Portal de Conferências da UnB, Mostra Científica do Congresso Brasileiro de Saúde Integrativa e Espiritualidade

Tamanho da fonte: 
BUSCA ATIVA DE HANSENÍASE DURANTE A PANDEMIA DA COVID 19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Victória Regina Holanda Albino

Última alteração: 2021-06-18

Resumo


Introdução: A hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium leprae, transmitida através das secreções das vias aéreas superiores e considerada um grave problema de saúde pública. O presente trabalho buscou estratégias para busca ativa de sintomáticos dermatológicos e detecção precoce de novos casos de hanseníase, doença ainda extremamente prevalente no País. Objetivo: Descrever uma estratégia para busca ativa de sintomáticos dermatológicos e detecção precoce de novos casos de hanseníase. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência acerca de um projeto de intervenção para a realização de busca ativa de Hanseníase em uma Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) em um município de Fortaleza-CE, como parte das atividades do módulo de Ações Integradas em Saúde 5, dos alunos do quinto semestre do curso de medicina da Universidade de Fortaleza.  A UAPS possui cinco equipes, mas devido a pandemia da COVID-19, a atividade foi realizada apenas com a equipe verde, constituída de uma população. O público-alvo foram as pessoas residentes nesta área, e que apresentassem mancha na pele em qualquer parte do corpo e/ou contatos domiciliares de pessoas com diagnóstico atual ou prévio de hanseníase nos últimos 5 anos. O projeto foi elaborado em quatro etapas: Elaboração de material informativo sobre hanseníase; Capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e planejamento da atividade; Busca ativa dos pacientes pelos ACS e distribuição do material e Avaliação dos pacientes agendados. A partir da revisão de aulas e artigos referentes à hanseníase, foi realizada a elaboração e confecção de material informativo a respeito do conhecimento sobre a doença, o qual foi distribuído à população alvo.  A capacitação dos ACS foi dialogada, a partir das informações do material informativo, em um momento muito rico de roda de conversa com esses profissionais, após miniaula sobre hanseníase. O planejamento da atividade, baseou-se na expertise dos ACS em entrarem de acordo com a comunidade e a unidade de saúde para que, a fim de não haver aglomeração em virtude do contexto pandêmico, os pacientes fossem agendados por horário. Dessa maneira, cada ACS ficou responsável por 3 agendamentos. Porém, além da pandemia, estava ocorrendo conflitos armados na área, ficando acertado que a triagem seria realizada pelo aplicativo WhatsApp. Resultados: Dos 12 pacientes agendados, apenas uma pessoa compareceu. A mesma paciente era contactante de um paciente em tratamento para hanseníase e apresentava duas máculas hipocrômicas com alteração de sensibilidade, espessamento neural e deformidade. Apesar das alterações, a anamnese e o exame físico apresentaram ainda outras possibilidades de diagnóstico, sendo solicitados exames e agendado retorno para reavaliação.Conclusão: As atividades sofreram restrições devido ao contexto pandêmico e à violência presente no território. Contudo, esta experiência permitiu perceber a importância da capacitação dos ACS de modo a estimular a necessidade de uma revisão do método de busca ativa, abordagem e triagem dos pacientes com queixas dermatoneurológicas durante a pandemia da COVID-19, haja vista a dificuldade vivenciada por esses profissionais. A avaliação dos contatos de hanseníase deve ter uma prioridade e continuidade nas ações desenvolvidas pelas equipes de saúde, como proposta fundamental para controle dessa doença.




Palavras-chave


Hanseníase. Busca ativa. Mycobacterium leprae. Negligência. Subnotificação.