Última alteração: 2022-05-06
Resumo
Com a intenção que tem a disciplina de “Estágio Supervisionado em Serviço Social II” este projeto irá mostrar como se dá o estágio em Serviço Social no Instituto Federal de Brasília Campus Estrutural (IFBCEst), qual é a política na qual o Assistente Social se insere e quais seus instrumentais técnico-operativos.
Além disso, mostrar o projeto de intervenção implementado na instituição. Esse projeto foi dividido em duas etapas:
Formulário (disponibilizado através do google forms) para que as alunas do ensino médio respondessem, tendo em vista que é preciso a identificação do problema no IFB Campus Estrutural e com o pressuposto de que as alunas deste perfil passam mais tempo dentro do campus (manhã e tarde) e poderiam mostrar um resultado geral da vivência no campus;
Roda de conversa com as alunas do campus Estrutural, para que elas pudessem expor suas dificuldades quanto a relação entre o período menstrual e os estudos;
Os resultados foram:
Recebidas 40 (quarenta) respostas ao formulário, sendo que apenas uma pessoa respondeu que “não menstruava”, fazendo com que o formulário fosse enviado automaticamente e não pudesse mais responder às outras questões.
48,7% das alunas alegaram que o ciclo menstrual não era regular, o que faz com que elas tenham uma “surpresa” quando a menstruação começa, o que pode acarretar a constrangimentos e/ou desconfortos.
A maioria das alunas responderam que têm o fluxo moderado (61,5%) a intenso (23,1%) que tem como consequência uma necessidade de maior frequência quanto as idas ao banheiro (o que, nem sempre, os professores podem entender).
A partir daqui foram formuladas questões que detectassem a pobreza menstrual ou que entendesse se as alunas têm a necessidade da disponibilização de absorventes no campus. Apenas uma aluna respondeu que não tem acesso a banheiro com vaso sanitário em casa. 46,2% das alunas dizem ter passado por algum constrangimento na escola por conta da menstruação. 7,7% alegam ter faltado às aulas por não ter contentores menstruais (absorvente, copo menstrual, etc). 66,7% já tiveram que pedir a alguma colega algum item para a contenção menstrual. 69,2% das alunas fazem o uso de medicamentos para amenizar cólicas menstruais, o que faz com que elas tenham mais um gasto além dos contentores menstruais no período menstrual. A maioria das alunas têm o gasto médio de 5 a 12 reais para conter a menstruação em cada ciclo menstrual, porém uma grande porcentagem chega a gastar mais de 20 reais (20,5%). A maioria das alunas usam para conter a menstruação o absorvente menstrual (87,2%), que indica qual seria o melhor contentor menstrual a ser disponibilizado, tanto pela praticidade quanto pelo custeio. A maioria também sofre com cólicas intensas (53,8%), o que também seria outro agravante para que elas não frequentassem a escola.
Com base nas próprias perguntas do formulário foram feitos slides para que as rodas de conversa fossem dirigidas. Tentou-se manter um ambiente mais descontraído para que as alunas pudessem falar sobre suas frustrações em relação à menstruação e a vida escolar e um ambiente majoritariamente feminino (apenas o supervisor de campo, que é homem, esteve presente nas conversas).
As queixas levantadas pelas alunas foram diversas, como:
O mau descarte de absorventes no banheiro;
Cólicas que atrapalham o processo de ensino e aprendizagem;
Fluxos muito intensos que acabam atrapalhando a concentração em aula;
Ciclo menstrual irregular, que acaba fazendo com que as mulheres tenham uma “surpresa” inesperada, inclusive em sala de aula;
Reclamações sobre a menstruação e a prática de educação física (tanto pelo desconforto com o fluxo menstrual intenso quanto por conta das cólicas menstruais);
Constrangimento em ter que conversar sobre a menstruação com homens, seja para justificar a frequência de idas ao banheiro, quanto para explicar que não está se sentindo à vontade em fazer alguma atividade por conta das cólicas menstruais.
Quando questionadas sobre a disponibilização de absorventes, as alunas se posicionaram favoráveis a distribuição no campus, mas com consciência de que os absorventes estão lá para quem precisa, não para serem gastos indevidamente. Foi constatado também que já existe uma caixa de absorventes na CDAE, mas que não era uma prática institucionalizada e que não se sabia quem estava disponibilizando os absorventes.
Não foi possível a tentativa de institucionalização da distribuição de absorventes no campus por conta dos prazos na UnB, afinal as rodas de conversa até extrapolaram o limite do prazo. Mas acredita-se que existiu a conscientização das alunas para que esse projeto fosse levado adiante futuramente, afinal, a população usuária de uma política que é consciente dos próprios direitos podem reivindicar uma demanda e conseguir com que ela seja atendida.