Última alteração: 2012-08-20
Resumo
O artigo busca, por meio da análise estrutural da narrativa do documentário “Estamira”, compreender a questão da representação cultural na pós-modernidade, especialmente no que tange às questões da alteridade e da pluralidade pós-modernas.
A identidade do sujeito pós-moderno não é única e coerente, mas, ao contrário, é uma identidade fragmentada, construída e reconstruída continuamente por causa da multiplicidade de representações culturais e sistemas de identificação que permeiam esse sujeito.
É nesse sentido que se conduz a análise do documentário, já que Estamira é a própria imagem desse sujeito fragmentado e cambiante, sendo apresentada como catadora de lixo, mãe, mulher, esquizofrênica e profetisa.
O estudo permitiu perceber que a narrativa do documentário condiz plenamente com a definição de Lyotard de pós-modernidade, já que nega o tempo todo que Estamira possa ser definida por uma metanarrativa ou por “amplos esquemas interpretativos”. Ademais, verifica-se a questão do pluralismo pós-moderno, já que o documentário, ao dar fala a uma mulher marginalizada e desconhecida, exalta que todos os grupos têm o direito de falar por si mesmos e de que a voz desses grupos deve ser aceita como autêntica.