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A QUÍMICA DE BREAKING BAD: A ANÁLISE FÍLMICA COMO ESTUDO DE ESTRUTURAS NARRATIVAS
Luiz Siqueira, Alexandre Tadeu dos Santos

Última alteração: 2019-06-16

Resumo


Mestrando em Comunicação no PPGCOM – FIC/UFG. Graduado em Comunicação social com habilitação em publicidade e propaganda pela Universidade Federal de Goiás.
Orientador do trabalho. Professor da UFG no programa de pós-graduação em Comunicação e no curso de Publicidade e Propaganda. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP. Mestre em Comunicação e Linguagens pela UTP.

Resumo

Esse artigo tem por objetivo analisar a série de TV Breaking Bad (Vince Gilligan, AMC), por meio de uma análise fílmica, de modo a perceber os mecanismos que estruturam sua narrativa, à luz de Todorov (1970), Metz (1972) e Mittell (2006).

Palavras-chave: Análise fílmica; Séries de TV; Breaking Bad.

1 Introdução

Sob a designação de “análise fílmica” tem-se realizado muitos estudos em cinema, séries de TV, telenovelas, filmes publicitários, clipes e outros. Dessa forma, a análise fílmica designa o estudo, de modo geral, de produtos audiovisuais. O presente estudo se propõe a verificar como a análise fílmica pode ser aplicada a um estudo narrativo, analisando a série de TV Breaking Bad (Vince Gilligan, AMC), de modo a verificar os mecanismos de fragmentação de sua narrativa pelos anos de exibição.

2 A análise fílmica como metodologia de pesquisa

Metz (1972) justifica o produto de uma análise fílmica como sendo necessária, pois “é através da reflexão sobre os filmes de que gostamos (ou de que não gostamos...) que conseguimos alcançar numerosas verdades referentes à arte do filme em geral” (1972, p. 16). A análise fílmica, por Vanoye e Goliot-Lété (2006) é comparada à laboratorial, na qual se estuda a composição dos elementos constituintes de uma substância. No entanto, tal proposta se revela pouco útil para um estudo narrativo, que se concentra no modo pelo qual a história é narrada e não nas informações que carregam planos e movimentos de câmera.

Uma narração é definida por Metz (1972) como um “discurso fechado que irrealiza uma sequência temporal de acontecimentos” (1972, p. 42) ao caracterizar alguns de seus elementos, identificando como tais a delimitação de uma história, a presença de uma sequência temporal e a irrealização do real, ou seja, a percepção do narrado como real enquanto narrado. Pela análise da intriga, Todorov (1970) estabelece como os personagens agem, como são adjetivados de modo, constituindo-se por oposição uns aos outros, como violam ou não as leis que regem seus universos narrativos entre outros.

É nesse sentido que realizaremos a presente análise, observando os mecanismos utilizados na série de TV Breaking Bad, notando a recorrência destes ao longo dos episódios que constituem suas temporadas e o modo pelo qual são articulados.

3 A Química de Breaking Bad: um estudo da estrutura narrativa

Breaking Bad, exibida de 2008 a 2013 pela American Movie Classics (AMC), narra a história do pacato e frustrado professor de química do ensino médio Walter White que, diagnosticado com câncer, passa a produzir drogas em parceria com um ex-aluno, Jessie Pinkman, para garantir o sustento de sua família, uma esposa grávida e um filho que sofre de paralisia cerebral.

O piloto se inicia com White no meio do deserto, seminu e com uma arma, gravando um depoimento para sua família. A partir daí, uma longa digressão se instala, contando o que teria acontecido. Esse recurso é uma marca narrativa do seriado.

No terceiro episódio da primeira temporada, White faz uma lista de prós e contras para decidir se mata ou não Kcrazy-8, um traficante que o perseguiu. Entre os motivos para liberá-lo, encontra-se que seria a coisa certa a se fazer, que ele não conseguiria viver consigo mesmo, que ele não é um assassino; na lista de contras, um único é apontado, Kcrazy-8 mataria sua família. O episódio é intercalado com flashbacks de White traçando um paralelo ao ocorrido com Kcrazy-8, que morre.

A recorrência a flashforwards é veemente ao longo da segunda temporada, na qual os episódios se iniciam com cenas de destroços de objetos, explicadas apenas no final desta. Cancer Man ilustra outro elemento recorrente na série, a interrupção narrativa após os pais de Jesse pedirem para que ele os deixe, sem diálogos adicionais.

5 Considerações finais

A partir da análise fílmica da série de TV Breaking Bad, foi possível observar como é estruturada sua narrativa, com cenas em interposições temporais e inversões cronológicas, explicadas em momentos posteriores e interrupções narrativas após diálogos-chave, construindo um quebra-cabeça pela desorientação temporária, como reconhece Mittell (2006) ser próprio de narrativas complexas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros e periódicos

METZ, Christian. A significação no cinema. Trad. Jean-Claude Bernardet. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972.

MITTEL, J. Complexidade narrativa na televisão americana contemporânea. Matrizes, ano 5, n. 2 jan./jun. 2012, p. 29-52.

TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Editora Perspectiva, 1970.

VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Trad. Marina Appenzeller. 2ª edição, Campinas, SP: Papirus, 1994.

Materiais especiais

BREAKING BAD: The Complete Series. Escrito por Vince Gilligan. AMC:2009-2014. DVD.