O crescimento econômico exponencial da China nas últimas décadas tem melhorado a qualidade de vida de seus cidadãos e levado à expansão da classe média com novos estilos de vida. Esta expansão do consumo chinês mobiliza cadeias globais, com novas relações consumidoras e produtivas com inegável custo ambiental. Neste contexto, a Parceria Estratégica Sino-Brasileira destaca dois atores protagonistas na cadeia alimentar global, o Brasil como grande agroexportador e a China como seu maior consumidor. No Brasil o grande peso do agronegócio nas exportações influencia as relações exteriores do Brasil e novos mecanismos de exploração do meio ambiente se mostram como resultado de mudanças na geopolítica global. A ampliação da demanda chinesa afeta o Brasil em termos de exploração de recursos, com efeitos na disponibilidade de água, uso de fertilizantes, produção de alimentos e colocando em risco a segurança alimentar brasileira. Esta questão toma proporções transnacionais para além da cooperação bilateral no contexto da Sociedade de Risco de Ulrich Beck, onde os riscos e as responsabilidades são compartilhados globalmente. Pensando cadeias produtivas do ponto de vista do consumidor e impacto ambiental, o pagamento por serviços ambientais (PSA) pode apresentar importantes contribuições para a solução dessa problemática. Discute-se o PSA como oportunidade não só para melhorar a qualidade ambiental, mas também apontando relações de dependência e redução de risco. No contexto de países desiguais este artigo propõe uma nova abordagem analisando as cadeias produtivas no Brasil e na China, levando em consideração a multiplicidade de realidades existentes nos dois países para levar ao desenvolvimento de um diálogo global mais profícuo.